28 de ago. de 2013

Quem tá na enchente é pra se molhar

Néia e Dado se preparando
Faz algum tempo já que faço cobertura de alagamentos para o jornal. Anos. Isso quer dizer que me encharquei, andei de barco, vesti salva-vidas, molhei o bloquinho de anotações, vi gente desconsolada, assustada e incrivelmente acostumada com a situação que se repete a cada ano. Pois nos últimos anos, tenho um companheiro de enchente, o Dado. Ele não é repórter, fotógrafo, pauteiro, diagramador. Mas sabe como poucos auxiliar e chegar onde precisamos.
Pronta?
Nesta segunda-feira à tarde, fomos eu e o Dado, vestindo nosso trajinho de motoqueiros e nossas botas sete léguas, registrar a inundação na prainha da Coxilha Mandelli. Antes da "viagem", o contato com o morador que sempre está pronto a nos auxiliar, o seu Hélio. No meu celular, gravado como "Helio enchente". Pois fomos de moto para lá, pulando em cada trepidação e buraco que a estrada nos oferecia.
Meia hora depois, chegamos até onde a moto conseguiria chegar. A "curva" era o ponto de encontro com seu Hélio, que já estava ali, esperando com a canoa, fumando um cigarrinho. A bordo, eu me limitava a perguntar e a fotografar. Aos homens, o trabalho braçal: remadas para chegar até a região domiciliar. Por incrível que pareça para quem lê, quase ficamos embretados contra a cerca de arame farpado. Percorremos as ruas - que nesta terça pareciam uma extensão do rio - paramos para trovar fiado com alguns poucos corajosos que não deixaram suas casas, observamos o lixo se acumulando e sendo carregado pela água, brincamos sobre a famosa sucuri do Lago Dourado e nos divertimos sobre a Veneza vera-cruzense.

"Helio Enchente" e Néia
Claaaro que pisei numa valeta e afundei um pedaço da minha perna, o suficiente para entrar nas botas e encharcar tudo de vez. O frio, a partir daí, foi brabo... Ainda mais com o ventinho no retorno, com a moto. Sobraram risos para o Dado e o seu Hélio, que ainda disse: "tu é sempre a premiada". É verdade. Mas desta vez, premiados acho que foram todos os vera-cruzenses, porque a chuva constante alagou pátios e estradas, mas não entrou nas casas e não deixou um rastro sequer de destruição. Felizmente, eu e o Dado pudemos concluir mais esta jornada com um sorriso no rosto e fotos para postar.

 Por Carolina Almeida


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