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Néia e Dado se preparando |
Faz
algum tempo já que faço cobertura de alagamentos para o jornal. Anos. Isso quer
dizer que me encharquei, andei de barco, vesti salva-vidas, molhei o bloquinho
de anotações, vi gente desconsolada, assustada e incrivelmente acostumada com a
situação que se repete a cada ano. Pois nos últimos anos, tenho um companheiro
de enchente, o Dado. Ele não é repórter, fotógrafo, pauteiro, diagramador. Mas
sabe como poucos auxiliar e chegar onde precisamos.
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Pronta? |
Nesta
segunda-feira à tarde, fomos eu e o Dado, vestindo nosso trajinho de motoqueiros
e nossas botas sete léguas, registrar a inundação na prainha da Coxilha
Mandelli. Antes da "viagem", o contato com o morador que sempre está pronto a
nos auxiliar, o seu Hélio. No meu celular, gravado como "Helio enchente". Pois
fomos de moto para lá, pulando em cada trepidação e buraco que a estrada nos
oferecia.
Meia
hora depois, chegamos até onde a moto conseguiria chegar. A "curva" era o ponto
de encontro com seu Hélio, que já estava ali, esperando com a canoa, fumando um
cigarrinho. A bordo, eu me limitava a perguntar e a fotografar. Aos homens, o
trabalho braçal: remadas para chegar até a região domiciliar. Por incrível que
pareça para quem lê, quase ficamos embretados contra a cerca de arame farpado.
Percorremos as ruas - que nesta terça pareciam uma extensão do rio - paramos
para trovar fiado com alguns poucos corajosos que não deixaram suas casas,
observamos o lixo se acumulando e sendo carregado pela água, brincamos sobre a
famosa sucuri do Lago Dourado e nos divertimos sobre a Veneza
vera-cruzense.
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"Helio Enchente" e Néia |
Claaaro
que pisei numa valeta e afundei um pedaço da minha perna, o suficiente para
entrar nas botas e encharcar tudo de vez. O frio, a partir daí, foi brabo...
Ainda mais com o ventinho no retorno, com a moto. Sobraram risos para o Dado e o
seu Hélio, que ainda disse: "tu é sempre a premiada". É verdade. Mas desta vez,
premiados acho que foram todos os vera-cruzenses, porque a chuva constante
alagou pátios e estradas, mas não entrou nas casas e não deixou um rastro sequer
de destruição. Felizmente, eu e o Dado pudemos concluir mais esta jornada com um
sorriso no rosto e fotos para postar.
Por Carolina Almeida
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