Hoje acordei e não tinha água lá em casa. Não dava para tomar banho, lavar a louça do café. Não teve como eu não lembrar da família Frese, da localidade de Alto Ferraz, que visitei ontem à tarde junto com os bombeiros para entregar água. Aí eu penso que nem posso reclamar. Seria o típico caso de reclamar de barriga cheia.
Para quem leu a matéria principal da edição de hoje, do ARAUTO, conhece um pouco do drama da família de Valdonei e Ivanir. Eles moram com o filho pequeno longe... Dá uns 25 quilômetros até o centro de Vera Cruz. Lá no alto do morro, a propriedade faz quase divisa com Sinimbu. Loooonge (assim mesmo, com muitos "o").
Aqui na cidade, quando falta água por uns instantes, a gente retarda alguns serviços por um dia, meio turno. Se não tiver por mais tempo, compra água mineral, o mercado é pertinho. Pois se sabe que a situação não demora muito para normalizar.
Mas lá em Alto Ferraz, seu Valdonei não liga o chuveiro há quatro meses. Vocês, leitores, conseguem imaginar isso? O banho é aquele popular "de gato". Com uma bacia de água (água esta, aliás, que vem amarelada do açude), uma escovinha,um paninho, a família trata de se virar na higiene diária. A roupa, a louça, tudo fica acumulado por muitos dias, para utilizar a água de uma só vez na lavagem.
Mas ainda pior é imaginar dona Ivanir tendo que recorrer a essa mesma água para cozinhar. Só de pensar em pegar aquela água de aparência suja para por com o feijão, o arroz, a mandioca, no cozimento, chega a dar arrepios, não é mesmo?! Pois bem-vindos à dura realidade. Tão pertinho da gente e ao mesmo tempo parece outro mundo.
Por Carolina Almeida
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